Os tempos do final

Resumo

O presente trabalho busca repensar, colocando o eixo na temporalidade, os problemas colocados pela imaginaçao do fim (do mundo atual existente). Para tanto, propõe-se como ponto de partida um percurso pelas intervenções em torno da expansão pandêmica do COVID-19, que põem em prática a lógica de um fim radical para enfrentar a singularidade do fenômeno.  O artigo procura analisar como as temporalidades desenroladas nestes ensaios permitem tornar mais complexas as reflexões anteriores sobre esses imaginários (particularmente em sua forma apocalíptica). Em segundo lugar, as ferramentas críticas decorrentes dessa exploração são utilizadas para retomar as formas de configuração do “depois do final” nas trilogias publicadas por Oliverio Coelho, Rafael Pinedo e Carlos Ríos entre 2003 e 2015, enfatizando como se constituem como projetos narrativos do longa duração que, pela forma como articulam seus episódios, possibilitam uma encenação singular da espessura temporal que se joga na formulação de sus finais. Se destaca assim a forma como a hibridização opera nos pares cronologia / heterocronia, continuidade / anacronismo, sucessividade / simultaneidade.